A doença inflamatória intestinal (DII) é um termo que se refere a um grupo de condições crônicas que afetam o trato gastrointestinal, principalmente o intestino. Esse órgão, além de desempenhar funções digestivas, é essencial para o equilíbrio do sistema imunológico e até mesmo do sistema nervoso. Por isso, alterações no seu funcionamento podem desencadear sérias complicações à saúde.
Com o avanço da ciência, o papel do intestino no nosso organismo vai além da digestão, ele também participa da regulação do sistema imunológico e até influencia o sistema nervoso. Por isso, quando há inflamações intestinais persistentes, os impactos podem ser sentidos em todo o corpo.Nos últimos anos, os casos de DII têm aumentado no Brasil, principalmente entre jovens, entre 15 e 30 anos. Estimativas indicam que cerca de 25% dos pacientes manifestam os primeiros sintomas antes dos 20 anos. Isso reforça a importância do diagnóstico precoce e da conscientização sobre a doença.
O que é a doença inflamatória intestinal?
A DII engloba diferentes condições que têm como principal característica a inflamação crônica da mucosa intestinal. Essas inflamações podem gerar diversos sintomas e, se não tratadas, podem causar complicações preocupantes. A inflamação constante interfere na absorção de nutrientes e pode afetar não apenas o funcionamento intestinal, mas também a saúde geral do organismo.
Tipos de doença inflamatória intestinal
Existem dois principais tipos de doença inflamatória intestinal: a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, ou colite ulcerativa. Apesar de apresentarem sintomas semelhantes, elas se diferenciam pelas regiões do trato gastrointestinal que afetam e pelas características da inflamação. E pode causar complicações como fístulas, obstruções e perfurações.
A Doença de Crohn pode afetar qualquer parte do tubo digestivo, desde a boca até o ânus, embora seja mais comum na região no final do intestino delgado e início do cólon. A inflamação é profunda e pode atingir todas as camadas da parede intestinal, formando lesões intercaladas entre áreas saudáveis e afetadas. A Colite Ulcerativa, por outro lado, limita-se ao intestino grosso (cólon) e reto. A inflamação é mais superficial, afetando as camadas internas do intestino, e costuma ser contínua, sem áreas poupadas. O reto é geralmente a área mais comprometida. Essa doença leva à formação de úlceras, edema e sangramentos, além de um aumento do risco para o desenvolvimento de câncer colorretal.
Quais são os sintomas da doença inflamatória intestinal?
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem surgir em crises intercaladas por períodos de melhora. Entre os principais sinais estão:
- Diarreia frequente e persistente;
- Dor abdominal intensa;
- Sangue ou muco nas fezes;
- Urgência para evacuar;
- Cansaço excessivo;
- Perda de peso involuntária;
- Febre e mal-estar geral.
A DII também pode causar sintomas em outras partes do corpo, como articulações, pele, olhos e vasos sanguíneos. Em casos mais graves, pode haver complicações como obstruções intestinais, perfurações, infecções e aumento do risco de câncer colorretal.
Causas da doença inflamatória intestinal
A origem da DII ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que ela está relacionada a uma resposta exagerada do sistema imunológico contra o próprio organismo, o que a classifica como uma doença autoimune.
Entre os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da DII estão a predisposição genética, cerca de 20% dos pacientes têm histórico familiar; infecções intestinais anteriores, como vírus e bactérias; e ambiente e estilo de vida, hábitos alimentares, estresse e uso de certos medicamentos podem agravar os sintomas.
Diagnóstico
É realizado por meio da combinação de avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem. Os exames mais usados incluem:
-Exames de fezes, para identificar infecções e sangue oculto;
-Calprotectina fecal, que detecta inflamações intestinais;
-Colonoscopia e endoscopia, que permitem visualizar diretamente as lesões no intestino;
-Biópsia, coletada durante os exames para análise detalhada do tecido;
–Exames de sangue, para avaliar anemia, inflamação e desequilíbrios nutricionais.
Calprotectina fecal
É uma proteína presente em células do sistema imunológico, como os neutrófilos. Sua presença nas fezes indica inflamação ativa no intestino, tornando esse exame uma ferramenta essencial no diagnóstico e monitoramento das doenças inflamatórias intestinais.
Esse marcador tem sido amplamente utilizado por ser um método não invasivo, simples e eficaz. Níveis elevados de calprotectina fecal estão relacionados à atividade inflamatória da mucosa intestinal, ajudando a diferenciar DII de outras condições.
Além do diagnóstico, a calprotectina fecal também é útil no acompanhamento da doença, permitindo monitorar a resposta ao tratamento e antecipar possíveis recaídas antes que os sintomas reapareçam. Isso reduz a necessidade de exames mais invasivos, como a colonoscopia.
O exame é realizado a partir da análise de uma amostra de fezes. É importante lembrar que níveis elevados podem ocorrer em outras condições, como infecções gastrointestinais, câncer colorretal ou uso recente de anti-inflamatórios.
Mesmo sem cura, a doença inflamatória intestinal pode ser controlada com o tratamento certo e mudanças nos hábitos de vida.
Se você apresenta algum sintoma ou convive com a DII, agende seus exames com a gente. Estamos aqui para cuidar da sua saúde com carinho e precisão!
Referências:
Johns Hopkins Medicine. Inflammatory Bowel Disease (IBD). Disponível em: https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/inflammatory-bowel-disease Acesso em: 11/05/2023
Kobayashi, T., Siegmund, B., Le Berre, C. et al. Ulcerative colitis. Nat Rev Dis Primers 6, 74 (2020). https://doi.org/10.1038/s41572-020-0205-x
Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Disponível em: https://sbcp.org.br/noticias/maio-roxo-trabalhos-cientificos-demonstram-tendencia-no-aumento-do-numero-de-casos-de-doencas-inflamatorias-intestinais-no-brasil/ Acesso em: 11/05/2023