A obesidade é uma das doenças crônicas que mais crescem no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 2,3 bilhões de pessoas estão com sobrepeso ou obesidade. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o Brasil atingiu a marca de 9 milhões de pessoas com obesidade, em 2024. Essa condição vai além da estética e está diretamente ligada ao risco de desenvolver outras doenças, como o câncer de mama, especialmente em mulheres após a menopausa. Durante o mês de outubro, com a campanha Outubro Rosa, o foco está na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama. É importante para também chamar atenção para fatores que aumentam o risco da doença, como o excesso de peso. Vamos entender melhor essa relação e por que manter um estilo de vida saudável e fazer exames de rotina é tão importante.
Por que a obesidade aumenta o risco de câncer de mama?
De acordo com um estudo da Brazilian Journal of Health Review e com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia regional de São Paulo (SBEM-SP) , mulheres com excesso de peso, especialmente após a menopausa, têm um risco maior de desenvolver câncer de mama. Isso acontece por diversos mecanismos. Veja os principais:
1. Maior produção de estrogênio
O tecido adiposo (gordura corporal) não serve apenas como reserva de energia. Ele também funciona como um órgão endócrino, ou seja, produz hormônios — e um deles é o estrogênio. Em mulheres após a menopausa, o ovário reduz a produção de estrogênio, e a principal fonte passa a ser o tecido adiposo.
Quanto maior o acúmulo de gordura, maior a produção de estrogênio. E esse hormônio pode estimular o crescimento de células mamárias, incluindo células tumorais, aumentando o risco de surgimento do câncer de mama.
2. Inflamação crônica silenciosa
A obesidade está associada a um estado inflamatório no corpo, mesmo que a pessoa não sinta nenhum sintoma. As células de gordura produzem substâncias inflamatórias, como citocinas e TNF-alfa, que afetam o funcionamento do sistema imunológico e podem alterar o DNA das células.
Essas alterações enfraquecem os mecanismos naturais de controle da multiplicação celular, facilitando o surgimento de células cancerígenas.
3. Alterações hormonais e resistência à insulina
Pessoas com obesidade geralmente têm níveis mais altos de insulina e de IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina). Esses hormônios estimulam o crescimento celular, inclusive de células tumorais.
Ou seja, em um ambiente com excesso de insulina, estrogênio e inflamação, o corpo fica mais vulnerável ao desenvolvimento de tumores, como o de mama.
Obesidade e o impacto no tratamento do câncer
Além de aumentar o risco da doença, a obesidade também pode dificultar o tratamento do câncer de mama. Segundo o estudo da Brazilian Journal of Health Review, mostram que mulheres com excesso de peso têm uma menor resposta a alguns tipos de quimioterapia.
Outro ponto importante é que o tecido adiposo continua produzindo estrogênio durante o tratamento, o que pode “competir” com os medicamentos usados para reduzir esse hormônio no organismo. Além disso, o impacto psicológico do diagnóstico de câncer pode levar à alimentação emocional, com aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, prejudicando ainda mais o controle do peso durante o tratamento.
A importância da prevenção: controle do peso e exames de rotina
A boa notícia é que controlar o peso corporal reduz o risco de desenvolver câncer de mama e melhora a resposta ao tratamento. Mulheres que perderam peso após cirurgia bariátrica, por exemplo, apresentaram redução significativa no risco de desenvolver a doença.
Além disso, manter uma rotina de exames é essencial para diagnosticar precocemente tanto o câncer quanto os fatores de risco associados à obesidade, como colesterol alto, diabetes e inflamação.
Exames laboratoriais simples, mas fundamentais, podem ajudar muito nesse processo:
- Lipidograma (perfil lipídico): avalia colesterol total, HDL, LDL, VLDL e triglicerídeos;
- Glicemia de jejum: identifica níveis alterados de açúcar no sangue;
- Hemograma completo: ajuda a detectar inflamações e outros desequilíbrios no organismo;
- Avaliação hormonal: especialmente importante na menopausa.
Esses exames devem fazer parte do check-up anual, principalmente para mulheres com histórico familiar de câncer ou que apresentam fatores de risco, como excesso de peso e sedentarismo.
A obesidade infantil também preocupa
O problema da obesidade começa cada vez mais cedo. Dados da Fiocruz e Unifase, mostram que 14% das crianças com até 5 anos e 31% dos adolescentes entre 10 e 18 anos já estão acima do peso no Brasil. A obesidade infantil aumenta o risco de desenvolver doenças crônicas ao longo da vida, incluindo o câncer.
Por isso, o incentivo à alimentação equilibrada e à prática de atividades físicas desde a infância é essencial para formar adultos mais saudáveis.
Ações integradas fazem a diferença
O combate à obesidade exige o envolvimento de diferentes áreas da saúde. Nutricionistas, educadores físicos, psicólogos e endocrinologistas devem trabalhar juntos para orientar mudanças de hábitos, tratar distúrbios metabólicos e acompanhar a saúde física e emocional dos pacientes.Além disso, ações de conscientização como o Outubro Rosa são fundamentais para lembrar que prevenir é sempre o melhor caminho. Detectar o câncer de mama em estágios iniciais aumenta muito as chances de cura.
Prevenir o câncer de mama começa com o cuidado com o corpo
A obesidade é um fator que pode ser controlado com apoio, informação e mudanças no estilo de vida. Além de uma alimentação equilibrada e atividade física regular, é essencial manter os exames em dia para acompanhar a saúde de forma completa.
No Santa Clara Diagnósticos Médicos, você conta com atendimento humanizado e exames laboratoriais confiáveis, acessíveis e precisos, ideais para quem deseja cuidar do seu bem-estar com segurança. Cuidar da sua saúde é um compromisso diário, e nós estamos aqui para caminhar ao seu lado.
Referências:
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP). Obesidade e câncer de mama: os 3 mecanismos por trás desta relação. Último acesso em: 19/09/2025
Brazilian Journal of Health Review. Estudo da transparência entre obesidade e câncer de mama no período pré e pós-menopausa / Estudo da correlação entre obesidade e câncer de mama no período pré e pós-menopausa. 2021
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Obesidade atingiu a marca de 9 milhões de pessoas no Brasil em 2024. 2025
Fiocruz. Obesidade em crianças e jovens cresce no Brasil na pandemia. 2023JAMA Network. Prevalence of Extremely Severe Obesity and Metabolic Dysfunction Among US Children and Adolescents. 2025
