Santa Clara

Lúpus eritematoso sistêmico: O que é, sintomas e diagnóstico

Fevereiro Roxo é o mês marcado pela campanha de conscientização sobre a Doença de Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia. Nenhuma dessas condições tem cura. A campanha também ressalta a importância do diagnóstico precoce dessas condições e como os tratamentos disponíveis podem contribuir para a manutenção da qualidade de vida do indivíduo.

No artigo de hoje, abordamos uma dessas patologias, o Lúpus Eritematoso Sistêmico. A doença pode acometer pessoas de todas as idades. Entretanto, 70 a 90% dos casos ocorrem em mulheres em idade fértil. O lúpus também é mais comum entre negros e asiáticos.

O que é o lúpus e como ele se manifesta?

O lúpus é considerada uma doença inflamatória autoimune. Isso quer dizer que o sistema imunológico ataca outros órgãos e tecidos do próprio paciente. Articulações, pele, rins e cérebro são alguns dos órgãos que podem ser comprometidos nessa patologia. Indivíduos com a doença também podem apresentar alterações cardiopulmonares, linfáticas e na composição do sangue.

Os sintomas do lúpus são bastantes variáveis e podem mimetizar outras patologias, o que dificulta no seu diagnóstico. Seus sinais clínicos podem se desenvolver ao longo de meses ou anos de forma episódica (exacerbações ou surtos) com períodos de remissão (assintomáticos).

As exacerbações podem ser desencadeadas por diversos fatores, como a exposição ao sol, infecções e alguns fármacos utilizados no manejo da pressão arterial, crises epilépticas ou antibióticos. Pessoas que apresentam um quadro clínico de lúpus induzido por esses medicamentos geralmente apresentam melhora após a interrupção de seu uso.

Quais são os sintomas dessa doença?

A maioria dos pacientes desenvolve a forma leve do lúpus, que se caracteriza por surtos com sintomas moderados que podem melhorar ou desaparecer completamente por um período. Esses sintomas dependem do órgão que é afetado pela doença.

Febre, fadiga, rubor na região do nariz e bochechas em forma de asas de borboleta (eritema malar) ou em outras partes do corpo, lesões cutâneas que pioram quando expostas ao sol e alteração da coloração dos dedos (brancos ou azuis) quando expostos ao frio ou em períodos estressantes são alguns dos sintomas do lúpus.

Dor, inchaço e rigidez das articulações são outros sintomas comuns da doença. Alguns pacientes também podem apresentar falta de ar e dor no peito, ressecamento dos olhos, dores de cabeça, confusão e perda de memória.

Ao perceber sintomas persistentes ou o surgimento de lesões cutâneas inexplicáveis é importante consultar o seu médico e investigar a possibilidade de um diagnóstico de lúpus.

Quais são as complicações dessa doença?

As inflamações causadas pelo lúpus podem prejudicar a função de diversos sistemas. Por isso, é preciso levar em consideração qual o órgão afetado.

O comprometimento dos rins, por exemplo, pode levar à insuficiência renal. Essa, inclusive, é uma das principais causas de morte entre os indivíduos com a doença.

O lúpus pode causar dor ao respirar de maneira profunda, falta de ar e sangramento nos pulmões devido à inflamação da cavidade torácica. Essa inflamação também que pode atingir o músculo cardíaco, a membrana que reveste o coração (pericardite) ou a parede arterial (vasculite), o que contribui para o maior risco de doenças cardiovasculares e ataque cardíaco.

Quando atinge as células sanguíneas, pode causar anemia, aumentar o risco de sangramento e comprometer a coagulação do sangue. Alguns pacientes também podem apresentar dores de cabeça, tontura, convulsões, alterações comportamentais, problemas de visão, memória e dificuldade ao expressar seus pensamentos.

Vale ressaltar que essas não são as únicas complicações da doença. Os indivíduos com lúpus também são mais susceptíveis a infecções, certos tipos de câncer, perda de tecido ósseo e complicações gestacionais.

Como diagnosticar o lúpus?

O diagnóstico do lúpus se baseia na análise dos sinais clínicos e laboratoriais do paciente. Por seus sintomas iniciais serem semelhantes à outras patologias, como a artrite reumatoide, o diagnóstico diferencial é fundamental.

Sob suspeita do lúpus é importante realizar alguns exames como o hemograma completo, de urina, avaliação da função hepática e renal. Além de auxiliar no diagnóstico da doença, esses exames podem ajudar a prever como o quadro clínico irá evoluir, mas não são suficientes para confirmação do diagnóstico.

É importante detectar a presença de anticorpos antinucleares (ANA) em amostras de sangue do paciente. Esses anticorpos estão presentes em grande parte dos indivíduos com lúpus e indicam a estimulação do sistema imune. Diante de um resultado positivo nesse exame, o médico pode solicitar exames complementares que avaliam anticorpos mais específicos.

Em alguns casos, exames de imagem (raio-X torácico e ecocardiograma) e a biópsia do tecido afetado também podem ser solicitados.

Como é feito o tratamento dessa doença?

A escolha do tratamento leva em consideração os sintomas, os órgãos comprometidos e o grau de infamação. Após avaliar os riscos e benefícios de cada uma das estratégias terapêuticas, o médico pode determina como e quais medicamentos serão utilizados.

Conforme os sintomas aparecem e se instalam, podem ser necessários medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), corticosteroides e antimaláricos (hidroxicloroquina, por exemplo). Em casos mais graves do lúpus, medicamentos imunossupressores também podem ser utilizados.

Durante todo o tratamento o paciente deve ser acompanhado por um médico, que será responsável por determinar a melhor estratégia terapêutica a ser utilizada durante os períodos de exacerbações, na manutenção e na busca pela remissão da doença. Esse acompanhamento médico é fundamental para minimizar os efeitos colaterais associados ao uso dos medicamentos e na manutenção da doença sob controle.

O diagnóstico do lúpus em estágios iniciais e as opções de tratamento disponíveis têm contribuído para um bom prognóstico da doença, mesmo com sua imprevisibilidade. Outras medidas que podem auxiliar no manejo e melhor prognóstico da doença estão relacionadas ao estilo de vida do paciente: consultas médicas periódicas, prática regular de exercício físico, alimentação saudável, suplementação (se necessária), cuidados ao se expor ao sol e não fumar. Esses hábitos podem fazer parte da rotina de todas as pessoas e são excelentes formas de promover qualidade de vida, independente do diagnóstico de lúpus.

Nós, do Santa Clara Diagnósticos Médicos, assumimos o compromisso de cuidar de você e de quem você ama. Por isso, temos uma equipe preparada para lhe atender com todo cuidado e atenção que você e a sua saúde merecem!

Referências científicas:

Kaul A, Gordon C, Crow MK, Touma Z, Urowitz MB, van Vollenhoven R, Ruiz-Irastorza G, Hughes G. Systemic lupus erythematosus. Nat Rev Dis Primers. 2016 Jun 16;2:16039. doi: 10.1038/nrdp.2016.39.

Mayo Clinic. Lupus. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/lupus/. Acesso em: 07 fev. 2023.