Santa Clara

Você já ouviu falar da Hanseníase?

As doenças tropicais negligenciadas correspondem a um grupo de condições de saúde endêmicas causadas por diversos agentes infecciosos e parasitas, como a actinobactéria Mycobacterium leprae, que é responsável pela transmissão da Hanseníase (lepra).

Essa doença atinge pessoas de todas as idades e ambos os sexos. Em 2021, mais 140 mil novos casos foram reportados à Organização Mundial da Saúde (OMS). Desses, 18.318 casos foram identificados no Brasil. Esses números fazem com que o nosso país seja considerado o segundo com maior número de casos ao redor do mundo, ficando apenas atrás da Índia.

O que é e quais são os sintomas da hanseníase?

A Hanseníase á uma infecção causada bacilo de Hansen, que se reproduz lentamente e pode permanecer incubado por mais de 20 anos.

Os nervos periféricos, pele, olhos e mucosa nasal são algumas das regiões afetas pela doença. Quando afeta os nervos, pode causar inchaço e deixar a região comprometida menos sensível ao toque, à dor e à variação de temperatura. Isso facilita o surgimento de lesões, como cortes e queimaduras. A pele dessas lesões também apresenta coloração distintas (brancas, avermelhadas, castanhas ou mais escuras) e textura escamosa, dura ou seca. As lesões podem ser planas, salientes ou se manifestarem como nódulos. Fraqueza muscular e formigamento das mãos e pés também podem ocorrer.

Quando não tratada, a infecção pode levar à paralisia das mãos e dos pés. Em casos mais avançados, o paciente pode desenvolver lesões múltiplas devido à perda de sensibilidade e apresentar outras complicações permanentes (deformidades, mutilações, cegueira e imobilidade dos membros).

Como a lepra é transmitida?

A lepra é transmitida, quando a pessoa saudável respira o ar contento gotículas infectadas com bacilo de Hansen que foram eliminadas por meio das vias aéreas superiores (tosse, espirros) de um indivíduo infectado. Outra forma de transmissão envolve o contato próximo e prolongado (por meses) com o portador da doença.

Mas, a doença não é transmitida através de apertos de mão e abraços, ao sentar-se próximo ou compartilhar objetos com um indivíduo infectado. Também não é transmitida de mãe para filhos durante a gravidez ou por contato sexual.

Como diagnosticar a hanseníase?

O diagnóstico da hanseníase é realizado a partir de exames dermatológicos e neurológicos que permitem identificar lesões na pele com alterações na sensibilidade e comprometimento dos nervos periféricos. Outros exames, como a biópsia da pele ou do nervo podem ser solicitados para identificar a bactéria causadora da doença e descartar outras patologias.

Recentemente, o Brasil também incorporou no Sistema Único de Saúde (SUS) um teste rápido que permite detectar anticorpos anti-M. leprae e pode ser utilizado no controle da doença. A partir dele, pode-se avaliar os contatos e identificar grupos que precisam de monitoramento mais próximo, levando em conta o surgimento dos sintomas e o direcionamento paras as unidades de atenção especializada.

Outro teste que pode auxiliar no diagnóstico da hanseníase é o teste de biologia molecular para detecção de M. leprae em amostras da pele ou do nervo (qPCR). Esse teste também foi incorporado recentemente ao SUS pelo Ministério da Saúde.

Como é feito o tratamento da hanseníase?

O tratamento da hanseníase geralmente envolve a associação de 2 ou 3 antibióticos (rifampicina, dapsona e clofazimina) que é conhecida como poliquimioterapia única (PQT-U). Essa combinação é fundamental para diminuir a resistência do bacilo ao medicamento que geralmente ocorre na monoterapia.

Esses medicamentos são seguros e só devem ser utilizados após o diagnóstico e sob orientação médica. Vale ressaltar que ao iniciar o tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença e pode levar uma vida ativa e a Caderneta de Saúde da Pessoa Acometida pela Hanseníase é uma excelente ferramenta que permite ao paciente acompanhar e registrar todo o seu tratamento.

Por que falar dessa doença?

A lepra já foi muito temida por ser considerada uma doença altamente contagiosa e, apesar de se espalhar facilmente, pode ser diagnosticada e tratada. Ainda assim, os estigmas e preconceitos que envolvem a doença faz com que os seus portadores sejam discriminados e isolados na sociedade.

Além de combater esse estigma, a Estratégia Global de Hanseníase (OMS) tem como objetivo interromper a transmissão e o alcance da doença em todos os países endêmicos até 2030, estimular sua prevenção e tratamento da lepra e evitar as eventuais complicações que podem surgir.

A hanseníase tem cura e a sua detecção e tratamento precoce são fundamentais para reduzir os riscos de o paciente apresentar complicações.

Nós, do Santa Clara Diagnósticos Médicos, assumimos o compromisso de cuidar de você e de quem você ama. Por isso, temos uma equipe preparada para lhe atender com todo cuidado e atenção que você e a sua saúde merecem!

Referências científicas:

Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Hansen’s disease (leprosy). Disponível em: https://www.cdc.gov/leprosy/index.html. Acesso em: 25 jan. 2023.

Ministério da Saúde (2022). Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Hanseníase. Disponível em: http://antigo-conitec.saude.gov.br/images/Protocolos/20220726_Relatrio-de-Recomendao-PCDT-da-Hansenase_-15.07.2022.pdf. Acesso em 25 jan. 2023.

World Health Organization (WHO). Leprosy. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/leprosy. Acesso em 25 jan. 2023.

Organização Mundial da Saúde (2021). Rumo à zero hanseníase: Estratégia global de hanseníase 2021-2030. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/leprosy. Acesso em 25 jan. 2023.