Santa Clara

Monkeypox

O que já se sabe sobre a varíola dos macacos?

Desde o início da pandemia da Covid-19 parece que não temos “folga”! Quando nos vemos livre de uma variante surge uma nova e esse ciclo parece não ter fim. Mas, com o passar do tempo, temos aprendido a lidar com essa doença.

Porém, ninguém esperava que uma nova patologia iria nos deixar tão preocupados e assustados tão cedo. Até que, alguns meses atrás começamos a ver notícias sobre a varíola do macaco (monkeypox) com mais frequência.

Por isso, preparamos um artigo incrível sobre essa doença! Nele, você também irá encontrar mais informações sobre a varíola humana, que foi erradicada nos anos 1970 e um breve panorama comparativo da varíola dos macacos com a pandemia da Covid-19.

O que podemos aprender com a varíola humana?

A varíola símia, assim como a varíola humana (smallpox) é uma infecção causada por um vírus pertencente ao gênero Orthopoxvirus, que é transmitido principalmente pelo contato direto com pessoas e/ou objetos contaminados. Porém, o vírus também pode ser transmitido por meio da inalação de gotículas respiratórias.

A pessoa infectada pode apresentar febre, dores de cabeça e nas costas e, embora menos frequentes, dores abdominais e delírios também podem ocorrer. Estes sintomas surgem de 7 a 17 dias após o contato com o vírus.

Além disso, manchas avermelhadas (exantemas) surgem nas mucosas e no rosto. Estas lesões se enchem de pus e podem se espalhar para outras regiões do corpo. Mas, em casos graves, estas lesões podem se romper e causar hemorragia na pele e mucosa das regiões comprometidas.

A doença pode se manifestar em duas formas. Na forma mais grave, os sintomas surgem de 7 a 17 dias após a infecção e consistem em febre, dor de cabeça e dor nas costas. Porém, dor abdominal e delírios também podem estar presentes. Posteriormente, surgem manchas avermelhadas (exantemas) nas mucosas e no rosto, que se espalham para outras regiões do corpo e se enchem de pus (pústula). Após cerca de 10 dias, estas lesões se transformam em crostas e cicatrizes residuais são comuns. No entanto, cm casos ainda mais graves, essas lesões podem se romper e desencadear hemorragias na pele, nas mucosas ou em outros tecidos comprometidos.

Na presença destas lesões ou sob suspeita da doença é necessário coletar uma amostra de DNA a partir do líquido presente nas lesões. Esta amostra é submetida a testes moleculasres ou sequenciamento genético para a confirmação do diagnóstico. Porém exames de microscopia eletrônica ou cultura do material raspado dessas lesões também podem ser utilizados, desde que o resultado seja confirmado posteriormente através dos testes moleculares (PCR).

Assim que a suspeita é levantada ou o caso é confirmado, o paciente deve permanecer isolado para evitar a transmissão da doença. E, além disso, medicamentos que têm como objetivo amenizar os sintomas podem ser utilizados como tratamento.

O papel da vacina contra a varíola na erradicação da doença

Os registros da primeira epidemia de varíola no Brasil datam de 1563. Porém, os grandes avanços relacionados à doença só foram reconhecidos a partir de 1976, quando o cientista britânico Edward Jenner desenvolveu a primeira vacina contra a varíola. Jenner percebeu que, ao administrar o material obtido das lesões formada pelo vírus da varíola (cowpox) em humanos, estes adquiriam proteção contra a doença. Mas, no Brasil, a vacina de Jenner chegou apenas em 1804.

Por volta de 1840, diante de uma grave epidemia de varíola no Rio de Janeiro a vacina contra a doença se tornou obrigatória, o que gerou grande insatisfação da população e resultou na Revolta da Vacina. Foi apenas com um novo surto violento da doença, que a população correu para os postos de vacinação.

No início dos anos 1960, um plano de erradicação da varíola foi aprovado pela Organização Mundial da Saúde instituiu uma campanha de erradicação da doença. A Campanha de Erradicação da Varíola (CEV), instituída no Brasil em 1966, ressaltava a importância de isolar as pessoas infectadas e vacinar aquelas que tiveram contato com o vírus como forma de impedir sua transmissão.

Esta estratégia contribuiu para a redução dos casos da doença e sua erradicação em 1973, quando o Brasil recebeu a certificação internacional de erradicação desta doença pela OMS. A eliminação da doença também foi essencial para o fim da campanha de vacinação contra a varíola no início dos anos 1980.

E a varíola dos macacos?

O primeiro relato da doença surgiu na Nigéria em 2017, mais de 40 anos após sua erradicação e seus sintomas são muito semelhantes aos da varíola humana.

Durante o estágio inicial, que dura de 1 a 3 dias, o paciente apresenta febre, dor de cabeça intensa, dores nas costas e musculares, fadiga e inchaço dos gânglios linfáticos.  Após esse período, as lesões surgem na pele e em mucosas do rosto e se espalham para outras regiões do corpo, podendo persistir de 2 a 4 semanas.

Mas, apesar de receber este nome, os macacos não são os vetores da doença! Alguns estudos sugerem que os principais reservatórios da doença sejam pequenos roedores das florestas da África Ocidental e Central.

Além disso, estudos sugerem que o reaparecimento da doença tem relação com o maior contato à animais silvestres devido ao desmatamento, mudanças climáticas, migração populacional e conflitos armados. No entanto, um outro fator que pode contribuir para o seu reaparecimento é a perda da imunidade adquirida pela vacinação, dado que a campanha vacinal foi encerrada nos anos 1980.

Mas será que estamos diante de uma nova pandemia?

Embora o crescente de casos da doença seja preocupante, a Organização Mundial da Saúde está monitorando os casos e a doença ainda não foi declarada como emergência de saúde global.

Um dos principais fatores envolvidos pode estar relacionado à sua transmissão, que se dá principalmente pelo contato com a pessoa infectada. Além disso, a varíola não se manifesta na ausência de sintomas e estes, em geral, se desenvolvem de maneira leve a moderada. Além disso, existem tratamentos e vacinas que podem auxiliar na diminuição de sua propagação.

Nós, do Santa Clara Diagnósticos Médicos, assumimos o compromisso de cuidar de você e de quem você ama. Por isso, temos uma equipe preparada para lhe atender com todo cuidado e atenção que você e a sua saúde merecem!

Referências:

Kozlov M (2022). Monkeypox goes global: why scientists are on alert. Nature.

Nguyen P. Y, Ajisegiri W. S, Costantino V, Chughtai A. A, MacIntyre, C. R (2021). Reemergence of human monkeypox and declining population immunity in the context of urbanization, Nigeria, 2017-2020. Emerging Infectious Diseases.

Simpson K, Heymann D, Brown C. S. et al (2020). Human monkeypox – After 40 years, na unintended consequence of smallpox eraication. Vaccine.

Sklenovská N, Ranst M. V (2018). Emergence of monkeypox as the most importante orthopoxvirus infection in humans. Frontiers in Public Health.

Ministério da Saúde (2013). Programa Nacional de Imunização: 40 anos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programa_nacional_imunizacoes_pni40.pdf.

World Health Organization (2022). Monkeypox fact sheets. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/monkeypox.