Santa Clara

Doença de Alzheimer

e sua relação com o hormônio FSH

Um dos grandes desafios enfrentados pela sociedade brasileira atualmente é o aumento considerável da população idosa nos últimos anos, que ultrapassa a marca dos 30 milhões de pessoas.

Esse aumento da expectativa de vida é acompanhado pela maior incidência de doenças crônicas e incapacitantes, que exigem cuidados constantes e influenciam na rotina do paciente e de todas as pessoas que o cercam. E, muitas dessas doenças, estão relacionadas a alterações das funções cerebrais, como a Doença de Alzheimer, que já afeta mais de 1 milhão de pessoas só no Brasil.

Quer saber mais sobre a Doença de Alzheimer? Continue a leitura desta matéria incrível, onde iremos abordar o que é a doença de Alzheimer, quais os seus sintomas e um possível motivo pelo qual as mulheres são mais susceptíveis à doença.

O que é a doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa descrita no início do século XX pelo médico Alois Alzheimer, caracterizada, principalmente, pela perda progressiva de memória.

Segundo esse médico, uma de suas pacientes desenvolveu perda de memória, desorientação, comprometimento da linguagem e, tornou-se incapaz de cuidar de si mesma. Ao observar o cérebro da paciente, o Dr. Alzheimer identificou a presença de alterações anatômicas denominadas placas senis e emaranhados neurofibrilares, resultantes do aumento da produção e depósito das proteínas beta-amiloide e Tau no hipocampo e no córtex cerebral. Estas regiões são essenciais para a formação de novas memórias, linguagem e raciocínio.

Outra alteração presente no cérebro dos indivíduos com Alzheimer consiste na diminuição do número de neurônios e, consequentemente, do volume cerebral, o que compromete a comunicação das células do sistema nervoso. Essas perdas não ocorrem de maneira uniforme e, conforme a doença evolui, outras áreas do cérebro podem ser atingidas.

As causas para o desenvolvimento da doença de Alzheimer ainda são tema de forte debate e pesquisa científica. O que se sabe atualmente é que essas alterações cerebrais podem ser decorrentes de múltiplos fatores, especialmente genéticos e a idade. Mutações gênicas e que podem ser hereditárias, aumentam as chances de desenvolvimento da doença, especialmente se existem casos em parentes próximos. A idade é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento do Alzheimer. A maioria das pessoas diagnosticadas com Alzheimer tem 65 anos de idade ou mais.

Além disso, fatores de risco, como hábitos de vida não saudáveis, e outras doenças cardiovasculares preexistentes podem prejudicar a saúde do cérebro e propiciar o desenvolvimento da doença.

A doença pode ser dividida em 3 estágios

Em geral, a forma com que o quadro de sintomas de cada paciente progride é bastante variável. Isso acontece porque muitos pacientes apresentam períodos de maior estabilidade da doença.

No estágio inicial, costumam ocorrer esquecimentos de fatos recentes. Além disso, o paciente pode apresentar dificuldade para se encontrar no tempo e no espaço, dificuldade para encontrar palavras e tomar decisões e apresentar alterações de humor.

Já no estágio moderado, o paciente começa a ter dificuldades para realizar as tarefas do dia a dia, como cozinhar, cuidar da casa e fazer compras. Com isso, começa a se tornar mais dependente de alguém que o ajude com os cuidados de higiene e autocuidados. Além disso, as dificuldades de fala e alterações de comportamento (agressividade, irritabilidade, inquietação) se tornam mais evidentes.

Já no estágio grave, o paciente começa a ter dificuldades de relembrar informações antigas, deixando de conhecer amigos, parentes e até mesmo os lugares que frequenta. Neste momento, sinais físicos como dificuldade de deglutição, incontinência urinária e fecal e o comprometimento da locomoção também se tornam mais evidentes e podem levar a dependência total de um cuidador. Isso porque outras áreas cerebrais, além das responsáveis pela memória, começam a ser afetadas pela doença.

Como é feito o diagnóstico da doença?

Muitos dos sintomas da doença de Alzheimer, principalmente nos estágios iniciais, podem ser confundidos com o envelhecimento natural. Por isso, o diagnóstico geralmente é feito de forma tardia.

Não existe um exame específico para detectar a doença. O diagnóstico é baseado em uma avaliação clínica, incluindo testes cognitivos, exames laboratoriais e avaliação de imagem do sistema nervoso central. A união das manifestações clínicas do paciente, a resultados de exames complementares permite uma conclusão diagnóstica e a definição de um tratamento adequado.

Alguns exames de sangue e imagem (tomografia e ressonância magnética, por exemplo) ajudam a eliminar a possibilidade de outras doenças que poderiam estar causando a sintomatologia. Vale destacar também que a perda de memória é característica do processo de envelhecimento. Isso significa que, caso você ou alguma pessoa próxima, esteja apresentado esse tipo de sintoma, não quer dizer necessariamente que é portador da doença.

A perda de memória pode estar relacionada a outros fatores, como o estresse, e deve sempre ser avaliada por um médico especialista.

As mulheres são mais susceptíveis a doença

Embora o principal fator de risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer seja a idade, as mulheres parecem ser mais susceptíveis quando comparadas aos homens, apresentando sintomas mais abrangentes relacionados aos danos cognitivos.

Apesar de ainda não haver uma explicação convincente para essa diferença entre os gêneros, é possível que as alterações hormonais que ocorrem no período que antecede o final da vida reprodutiva da mulher (perimenopausa) estejam envolvidas.

Durante esse período, a produção de progesterona começa a diminuir e os níveis de estradiol apresentam importantes oscilações que podem impactar na função do sistema nervoso, inclusive a função cognitiva e a memória.

Por conta dessas alterações, o sistema de retroalimentação negativo para o hipotálamo e a hipófise é perdido e, consequentemente, há um aumento nos níveis do hormônio folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) liberados pela hipófise.

Possível relação entre FSH e Doença de Alzheimer

Alguns estudos têm demonstrado que o FSH pode estar diretamente relacionado com o início do desenvolvimento da Doença de Alzheimer. Diante disso, um estudo recente publicado na revista Nature sugere que a diminuição da atividade deste hormônio pode ser eficaz para amenizar os sintomas da doença.

O estudo, realizado em camundongos, demonstrou que a retirada dos ovários contribui para o comprometimento das funções cognitivas (aprendizagem e memória) dos animais e que essas alterações estão associadas ao aumento dos níveis de FSH. Isto contribuiu para o aumento da produção das proteínas Tau e ?-amiloide no hipocampo e no córtex cerebral, bem como da inflamação e morte de neurônios nestas estruturas.

Além disso, este estudo sugere que o tratamento com um anticorpo capaz de diminuir a atividade do hormônio FSH, foi capaz de reverter, de maneira significativa, os danos cognitivos em camundongos. Esses resultados promissores ajudam os cientistas a compreender mais acerca das causas da doença e fornece novas perspectivas para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos para a Doença de Alzheimer que tenham como alvo a redução da atividade do hormônio FSH.

Lembrete: A Doença de Alzheimer não tem cura e, por isso, muitos remédios utilizados no tratamento são indicados para aumentar a sobrevida do paciente, retardar o surgimento de novos sintomas ou amenizá-los. Mas, estes remédios só podem ser utilizados após avaliação e indicação médica.

Nós, do Santa Clara Diagnósticos Médicos, assumimos o compromisso de cuidar de você e de quem você ama. Por isso, temos uma equipe preparada para lhe atender com todo cuidado e atenção que você e a sua saúde merecem!

Referência:

O que é Alzheimer. Associação Brasileira de Alzheimer. Disponível em: O que é Alzheimer | ABRAz.

Weber M. T, Maki P. M, McDermott M. P (2014). Cognition and mood in perimenopause: a systematic review and meta-analysis. The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology.

Xiong J, Kang S. S, Wang Z et al (2022). FSH blockade improves cognition in mice with Alzheimer’s disease. Nature.